Vista - Toubkal - Marrocos
Eu no topo do Jbel Toubkal - Marrocos
Dia de cume. Era dia de tentar atingir o cume e eu estava bem apreensivo se o conseguiria fazer. Se no primeiro dia a única dificuldade tinham sido as muitas horas de caminhada, já neste segundo dia se avizinhavam desafios bem maiores. O caminho a partir do refúgio até ao cume estava quase todo coberto de neve e a minha experiência a caminhar em neve era praticamente nula. Para agravar a situação estava com uns sapatos que são muito bons para caminhar em terreno seco mas que não são impermeáveis e cuja sola também já não tem a mesma aderência de quando eram novos o que podia ser um problema na neve. Além disso, ao contrário da esmagadora maioria dos outros caminhantes, não tinha nem crampons, nem bastões, nem piolet nem nenhum dos equipamentos específicos para subidas em alta montanha. Numa decisão de última hora consegui que um dos guias de montanha marroquinos me alugasse uns velhos bastões e um piolet que tinha para lá encostados.
Foi talvez esta apreensão, juntamente com uma tosse irritante e o nariz constantemente entupido, que não me deixaram praticamente pregar olho na noite anterior. Mas não havia volta a dar. Já que tinha chegado até ali pelo menos não ia voltar para trás sem tentar. E foi com esse espírito que passo a passo, aprendendo a caminhar na neve e a habituar-me ao meu "novo" equipamento de alta montanha, fui subindo e descansando e subindo e descansando de novo, conquistando metro a metro dos mais de 900 que tinha de subir. E tendo que descansar cada vez mais regularmente à medida que a rarefação de oxigénio se ia fazendo sentir em função da altitude.
Avistar, ainda de longe, a pirâmide que assinala o topo do Jbel Toubkal foi uma alegria e um reforço de energias para o caminho que ainda faltava. Agora já não escapava, estava ali à vista. Por volta das 10:20 da manhã do dia 30 de Abril de 2008, após quatro horas de intensa subida, atingia o cume do Jbel Toubkal a 4.167 metros de altitude! E que vista lá do topo!
Prova superada. Ou quase, porque como diz o maior alpinista português, o João Garcia, chegar ao topo é só metade da conquista pois ainda há o caminho de regresso. E descer pode ser mais rápido mas é igualmente perigoso. Felizmente correu tudo bem e a descida, com algum "skú" pelo meio, decorreu sem grandes sobressaltos.
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